Tempo verbal

Um tempo verbal é a classe gramatical que diz respeito ao tempo. Os tempos verbais são classificados em três tipos: presente, passado e futuro.

Toda a língua é capaz de expressar inúmeras distinções de tempo: "logo", "amanhã", "na próxima quarta-feira", "às duas da tarde", "há dois anos". A categoria gramatical de tempo é, pois, a gramaticalização do tempo. Na maioria das línguas, a categoria gramatical de tempo é indicada nos verbos, mas há exceções.[necessário esclarecer]

Em algumas línguas, a categoria gramatical de tempo inexiste por completo. É o caso do chinês, onde não existe nada que equivalha ao contraste "eu estou indo" / "eu estava indo" do português. Algumas línguas que dispõem da categoria, distinguem apenas dois tempos; outras têm três, quatro, cinco ou mais tempos; na língua africana Ngyembɔɔn-Bemileke-dschang distinguem-se onze tempos.[1][2]

A língua chinesa tem formas verbais adequadas para distinguir três situações temporais, definidas a partir do momento de fala (nos exemplos que seguem esses tempos aparecem entre colchetes): tempos passados, como ‘... [chutou] o adversário sem bola e [foi expulso] aos 25 min do segundo tempo...’, que se aplicam a fatos anteriores ao momento de fala; tempos presentes como ‘...chuta... a bola [sai] prensada... por cima’, ‘... o time [está] nesse momento com dez jogadores, um atacante [está sendo atendido] fora do campo...’ que se aplicam a fatos contemporâneos ao momento de fala, e tempos futuros, que se aplicam a fatos posteriores ao momento de fala ‘...o próximo jogo [será] em Buenos Aires...’.

Na expressão do tempo pelas formas verbais, contudo, não há uma correspondência exata entre formas verbais e situações temporais; muitas formas se prestam para indicar verdades atemporais ("bobeou, dançou"; "errou, tem que pagar"; a água ferve a cem graus Celsius), e além disso a forma do futuro, sempre disponível em princípio, é pouco usada; em seu lugar é comum encontrar perífrases que se baseiam em formas presentes, por exemplo:

  • "Viajo na semana que vem para Ribeirão Preto"
  • "Estou viajando na semana que vem para Ribeirão das Neves"
  • "Ela vai morar no exterior"

O pouco uso do tempo futuro e a capacidade do tempo presente de indicar ora fatos posteriores ao momento de fala (‘futuros’), levaram alguns estudiosos a dizer que a principal distinção de tempo, no português do Brasil, não é entre passado, presente e futuro, mas entre o passado e presente-futuro.

Se aceitarmos essa ideia, teremos que admitir que o português efetivamente falado no Brasil tem um quadro de tempos de alguma forma semelhante ao do inglês, onde não existe um futuro distinto dos demais tempos verbais[carece de fontes?]. De fato, os falantes de inglês usam uma série de formas do não passado para expressar uma variedade de atitudes com respeito a acontecimentos futuros:

  • I go to London tomorrow, ‘Eu vou para Londres amanhã’;
  • I’m going to London tomorrow, ‘Estou indo para Londres amanhã’;
  • I’ll go to London tomorrow ‘literalmente, ‘Vou ir para Londres amanhã’;
  • I’ll be going to London tomorrow, literalmente, ‘Vou estar indo para Londres amanhã’;
  • I must go to London tomorrow, ‘Preciso ir para Londres amanhã’.

Todos esses exemplos trazem representações de fatos futuros nos quais estão envolvidos não só noções de tempo, mas também de aspecto e de modalidade.

Além dos tempos que tomam como referência o momento de fala, o português tem também alguns tempos verbais que situam os fatos em relação a algum outro momento. Trata-se geralmente de um momento salientado pelo contexto, podendo ser, por sua vez, um momento passado ou futuro.

Exemplos:

  • Ao olhar o relógio, percebeu que chegaria atrasado (a chegada é posterior ao momento de olhar o relógio, que é passado).
  • No meio da escalada, o alpinista passou pelo ponto onde seu antigo instrutor morrera alguns anos antes (a morte do antigo instrutor é anterior à passagem do alpinista, que é passada).
  1. Tone and morphene rules in Bemileke-Ngyembɔɔn Anderson C., Stephen, 1983 (em inglês)
  2. Anderson C., Stephen, 1980. "Tense/Aspect in Ngyembɔɔn-Bemileke". Paper apresentado na 14ª Conferência anual em Cotonou, Benin.

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